quinta-feira, 13 de maio de 2010

Acordando...



Você viveu um grande amor que terminou meses atrás. Está só. Nada nesta mão, nada na outra. A sexta-feira vai terminando e, enquanto seus colegas de trabalho aquecem as turbinas para o fim-de-semana, você procura no jornal algum filme que ainda não tenha visto na tevê. Ao descobrir que vai passar Kramer vs. Kramer de novo, não resiste e cai em tentação: liga para o ex.

Tentar outra vez o mesmo amor. Quem já não caiu nesta armadilha? Se ele também estiver sozinho, é sopa no mel. Os dois já se conhecem de trás para frente. Não precisam perguntar o signo: podem pular esta parte e ir direto ao que interessa. Sabem o prato preferido de cada um, se gostam de mar ou de montanha, enfim, está tudo como era antes, é só prorrogar a vigência do contrato. Tanto um como o outro sabem de cor o seu papel.

Porém, apesar de toda boa intenção, nenhum dos dois consegue disfarçar o cheirinho de comida requentada que fica no ar. O motivo que levou à separação continua por ali, escondido atrás do sofá, e qualquer hora aparece para um drinque. O fim de um romance quase nunca tem a ver com os rompimentos de novela, onde a mocinha abre mão do amado porque alguém a está chantageando ou porque descobriu que ele é, na verdade, seu irmão gêmeo. No último capítulo tudo se esclarece e a paixão segue sem cicatrizes. Já rompimentos causados por incompatibilidades reais não são assim tão fáceis de serem contornados.

Toda reconciliação é precedida por uma etapa onde o casal, cada um no seu canto, faz idealizações. As frases que não foram ditas começam a ser decoradas. As mancadas não serão repetidas. As discussões serão evitadas. Na nossa cabeça, tudo vai dar certo: o roteiro do romance foi reescrito e os defeitos foram retirados do script, ficando só as partes boas. Mas na hora de encenar, cadê o diretor? À sós no palco, constatamos que somos os mesmos de antigamente, em plena recaída.

Se alguém termina um namoro ou casamento, passa um tempo sozinho e depois resolve voltar só por falta de opção, está procurando sarna para se coçar. Até existe a possibilidade de dar certo, mas a sensação é parecida com a de rever um filme. Numa segunda apreciação, pode-se descobrir coisas que não haviam sido notadas na primeira vez, já que não há tanta ansiedade. Mas também não há impactos, surpresas, revelações. Ficamos preparados tanto para as alegrias como para os sustos e, cá entre entre nós, isso não mantém o brilho do olho.

Se já não há mais esperança para o relacionamento e tendo doído tanto a primeira separação, não há por que batalhar por uma sobrevida deste amor, correndo o risco de ganhar de brinde uma sobrevida para a dor também. É melhor aproveitar esta solidão indesejada para namorar um pouco a si mesmo e ir se preparando para o amor que vem. Evite a marcha a ré. Engate uma primeira nesse coração.

Palavras ao Vento



Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras

Ando por aí querendo te encontrar
Em cada esquina paro em cada olhar
Deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar
Que o nosso amor pra sempre viva
Minha dádiva
Quero poder jurar que essa paixão jamais será

Palavras apenas
Palavras pequenas
Palavras, momento

Palavras, palavras
Palavras, palavras
Palavras ao vento...

Cássia Eller

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Salve- me



Amo você como eu nunca amei ninguém antes,
Preciso de você para abrir a porta.
Se implorar a você pudesse, de algum modo, mudar a maré,
Então me diga, eu tenho de tirar isto da minha cabeça...
Eu nunca pensei que estaria pronunciando estas palavras,
Eu nunca pensei que precisaria dizer
Outro dia solitária é mais do que posso suportar....

Você não vai me salvar?
Pois a salvação é o que eu preciso
Eu apenas quero estar ao seu lado....
eu não quero ficar apenas vagando através desse mar da vida...

Preste atenção, por favor, não saia pela porta
Estou de joelhos, você é tudo que eu estou vivendo...
Subitamente o céu está desabando,
Poderia ser tarde demais para mim?
Se eu nunca disse "desculpe-me", então eu estou errada, sim eu estou errada
Então eu escuto meu espírito chamando,
Imaginando se ele está ansiando por mim
Então eu entendo que não consigo viver sem ele.
Você não vai me salvar?
Outro dia solitária é mais do que posso suportar....

E É Assim Que Você Me Lembra



Nunca me dei bem sendo uma sábia
Também não daria certo sendo uma pobre roubando
Estou cansada de viver como uma cega
Me sinto doente por dentro, sem sinal de sentimentos

E é assim que você me lembra
É assim que você me lembra do que eu realmente sou

Não é do seu feitio desculpar-se
Eu estava esperando uma história diferente
Dessa vez estou errada
Por entregar-lhe um coração digno de se partir
E estive errada, estive deprimida
Tentei afogar as mágoas na bebida
Estas cinco palavras gritam na minha cabeça:
"Nós ainda estamos nos divertindo?"
Sim, sim, sim, não, não

Não é como se você não soubesse
Eu disse que o amava e juro que ainda amo
Deve ter sido péssimo
Pois viver comigo deve ter quase matado você

É assim que você me lembra quem eu realmente sou

Nunca sobrevivi como uma sábia
Eu não passaria por uma pobre ladra
É assim que você me lembra
É assim que você me lembra quem eu realmente sou

É assim que você me lembra quem eu realmente sou...

Pela luz dos olhos teus



Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.

Vinícius de Moraes

Soneto do amigo



Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.

É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.

Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.

O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica.

Vinícios de Moraes

terça-feira, 4 de maio de 2010

Como definir você




A noite a chuva toca de leve a terra em silêncio...
Toca a flor que estremece ao relento,
e dá vida ao pó

Mas não tira você do meu pensamento...

Pois você é como a chuva noturna,
Me toca de leve e me faz te sentir ...

Umidece as areias do meu corpo,
e me toca da maneira certa...

Você é a alegria...
Que quando parte, se torna saudade...

É o beijo do amor
Substituindo todo o ódio...

É a lágrima
Que molha meu rosto de felicidade...

É a causa do sorriso
Quando estou triste...

É o grito momentâneo
Revelando que desperta a madrugada...

É o sereno
Que cai na noite gelada...

É quem faz do fim
A esperança...

O que dizer de você?
Não há palavras que possam traduzir...

Prefiro então, dentro de mim,
Te guardar ... para que
À noite, eu possa alcançar o teu sono

E te olhar com desejo...
Te abraçar...
E nesse abraço,
cada vez mais te amar...

Espero um dia poder parar o tempo...
Para ficar eternamente ao seu lado,
Te amando para sempre...

Como sempre desejei...
E sempre vou desejar...